O Destino e Eu: A Descoberta Que Mudou Minha Vida

Era minha primeira sessão com Italys, e eu não sabia bem o que esperar.

Já tinha tentado terapia antes, mas, de alguma forma, sempre acabava parando. Talvez porque nunca tivesse encontrado alguém que realmente me ajudasse a entender o que acontecia comigo. Ou talvez porque, no fundo, eu acreditasse que nada pudesse realmente mudar.

Quando o elevador abriu me deparei com ele já me aguardando em pé na porta da sala, todo de preto como de costume. Me sentei na poltrona em sua frente e olhei para o chão. Senti o olhar calmo dele esperando que eu falasse, mas minhas palavras pareciam travadas.

Respirei fundo e soltei, sem pensar muito:

— Você acredita em destino?

Ele sorriu de leve e inclinou a cabeça.

— O que te faz perguntar isso?

Dei um riso curto, sem humor.

— Porque acho que estou presa no meu.

Ele me olhou com curiosidade, esperando que eu continuasse.

— Sempre que acho que estou mudando, no final, tudo volta a ser igual. Mudo de emprego, mas a frustração é a mesma. Me envolvo com pessoas diferentes, mas sempre termino sentindo rejeição, solidão, desvalorização. É como se minha vida fosse um roteiro já escrito, e eu só estivesse seguindo as falas.

Ele cruzou as pernas e apoiou as mãos no joelho.

— E isso te faz sentir como?

Baixei o olhar.

— Impotente. Como se não tivesse escolha.

Ele respirou fundo antes de perguntar:

— O que “destino” significa para você?

Pensei um pouco antes de responder:

— Algo que já está decidido. Algo que eu não posso mudar.

— E se você pudesse mudar? O que isso significaria?

A resposta saiu automaticamente:

— Que eu teria controle.

— Controle sobre o quê?

Eu abri a boca, mas parei. O quê, exatamente, eu queria controlar?

Ele continuou:

— Às vezes, sentimos que estamos vivendo o mesmo padrão repetidamente. Isso pode dar a sensação de que é o nosso destino. Mas, e se, na verdade, for apenas o funcionamento do seu cérebro tentando economizar energia?

Franzi a testa.

— Como assim?

— O seu cérebro representa apenas 2% do peso do seu corpo, mas consome cerca de 20% de toda a sua energia. Para ser eficiente, ele automatiza tudo o que pode. Desde coisas simples, como respirar e andar, até padrões emocionais e comportamentais.

Eu nunca tinha pensado nisso.

— Você quer dizer que eu repito tudo isso porque meu cérebro está tentando economizar energia?

Ele assentiu.

— Exato. Se, em algum momento da sua vida, você aprendeu que precisava se esforçar para ser aceita, que amor vem acompanhado de rejeição ou que sua opinião não tem valor, seu cérebro simplesmente repete esse aprendizado. Seguir um caminho conhecido exige menos esforço do que criar um novo.

— Então… eu estou fadada a ser assim?

— Não. Mas significa que mudar exige esforço consciente.

Cruzei os braços, sentindo uma mistura de alívio e frustração.

— Tá… e como eu faço isso?

Ele sorriu, como se estivesse esperando essa pergunta.

— Existem três elementos fundamentais que facilitam qualquer mudança: ambiente, tempo e atitude.

— Como assim?

— O ambiente em que você está influencia suas escolhas e é parcialmente influenciado por você. O tempo, completamente independente, é o espaço onde essas mudanças ocorrerão, ele fortalecerá qualquer padrão existente, seja positivo ou negativo. E a atitude é o único dos três que você tem chances reais de controlar e, assim, afetar o resultado da interação destes três elementos.

— Então, se eu mudar minha atitude, já estou no caminho certo?

Ele fez um gesto com a mão.

— Em parte. Para mudar sua atitude, você precisa de três coisas: disposição, conhecimento e habilidade.

— Explica melhor.

— Primeiro, você precisa estar disposta a mudar. Sem disposição, nada acontece. Mas disposição não basta. Você também precisa de conhecimento, ou seja, entender o que precisa ser feito para mudar. E, por fim, precisa desenvolver a habilidade de aplicar esse conhecimento na prática.

Pisquei algumas vezes.

— Então, se eu quero sair desse ciclo, preciso estar disposta a mudar, entender como fazer isso e, depois, praticar essa mudança?

— Exatamente.

Passei a mão no rosto, processando tudo.

— Então, no fundo, o problema não é o destino… é o fato de que eu estou presa em padrões automáticos que o meu cérebro aprendeu.

Ele sorriu.

— Isso mesmo. E agora que você percebeu isso, pode começar a mudar.

Foi nesse momento que me ocorreu uma coisa que me fez gelar por dentro.

— Mas e se eu não quiser mudar?

Ele manteve o olhar firme em mim.

— O que te faz pensar isso?

Engoli seco.

— E se… e se eu não souber quem eu sou sem esse padrão?

O silêncio tomou conta da sala.

Eu nunca tinha admitido isso antes, nem para mim mesma.

Era estranho, mas ao mesmo tempo fazia sentido. Eu queria sair desse ciclo, mas… e se eu não soubesse viver de outra forma?

— Isso também faz parte do processo — ele disse, calmamente. — Porque mudar um padrão não significa apenas abandonar algo. Significa aprender a ser uma nova versão de você mesma. E isso pode ser assustador.

Eu fiquei em silêncio, deixando essa ideia se assentar.

— Então, talvez o problema não seja o destino. Talvez seja o medo de descobrir quem eu sou sem ele.

Ele assentiu devagar.

— E isso é algo que podemos trabalhar.

Saí da sessão sentindo um misto de inquietação e esperança.

Pela primeira vez, entendi que eu não era vítima do destino. O que eu chamava de “destino” era apenas um conjunto de padrões que meu cérebro automatizou para economizar energia.

E agora, eu tinha um caminho.

Se eu quisesse mudar, precisaria cuidar do meu ambiente, respeitar o tempo necessário e, acima de tudo, trabalhar minha atitude. Isso significava estar disposta a mudar, buscar conhecimento e, principalmente, desenvolver a habilidade de aplicar essa mudança no dia a dia.

Talvez a vida não seja sobre esperar que o vento mude.

Talvez seja sobre aprender a ajustar as velas.

“E você? Já percebeu padrões na sua vida que parecem se repetir? Situações que, por mais que mudem de cenário, acabam trazendo as mesmas emoções e frustrações? Será que realmente é o destino… ou algo dentro de você que pode ser transformado?”

Se essa história fez sentido para você, talvez seja hora de dar um passo na direção da mudança. Você não precisa repetir os mesmos ciclos para sempre.

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