Muitas pesquisas já evidenciaram essa afirmação, apresento aqui uma pesquisa realizada em 1995, nos Estados Unidos, pelo National Institute of Neurological Disorders and Stroke (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/7500130/), mostra algo muito interessante: o cérebro não diferencia realidade de imaginação.
Na pesquisa foi solicitado para que um grupo de pessoas praticasse por 2 horas seguidas, durante 5 dias, uma sequência de notas musicais em um piano. Um segundo grupo deveria apenas imaginar que estava praticando, sem tocar o piano de fato, pelo mesmo tempo e dias.
Um terceiro grupo, grupo controle, não faria nada. Serviria apenas para ter um resultado comparativo.
O cérebro dos participantes dos 3 grupos foram monitorados com aparelhos de imagens cerebrais para verificar as alterações.
A imagem abaixo mostra o resultado dessa pesquisa:
As primeiras duas linhas são fãs pessoas que tocaram; as duas linhas do meio são das pessoas que imaginaram; e as duas últimas das pessoas que não praticaram nem imaginaram.
Percebe a semelhança?! É incrível!
Nosso cérebro responde da mesma maneira ao que acontece de fato e ao que “simplesmente” imaginamos! Para ele é tudo real.
Mas afinal de contas, porque entender isso é importante para nosso dia a dia?
Simples meu caro amigo e minha cara amiga, a partir do momento em que nosso cérebro não diferencia realidade de fantasia, tudo se torna verdade para ele. Isso pode ser bom ou ruim, pois vai depender do que existe dentro de sua cabeça nesse momento.
E é essa pergunta que te faço:
Quais são seus pensamentos mais frequentes?
O que você costuma imaginar sobre si mesmo e sobre o futuro que espera? Como você gasta seu tempo aí dentro de sua mente? Sobre como está sua vida hoje?
Se você costuma pensar que é capaz, que é bonita, inteligente e que possui uma vida maravilhosa e cheia de vida, saiba que seu cérebro compreende isso como uma verdade e responde a isso produzindo hormônios, neurotransmissores e, por consequência, comportamentos adequados a essa imagem interna. Tonando sua vida ainda mais feliz e agradável.
E se você vem tendo perturbações (mesmo que apenas dentro de sua cabeça), medo de passar fome no final do mês, medo de ser traída, de ser roubada, de não passar na prova, imagina nunca sendo independente, vivendo uma vida infeliz, sem graça, tediosa, onde ninguém gosta de você ou que você nunca se destaca, nunca tem orgulho de si mesma, saiba que seu cérebro também está pegando isso como uma verdade e reagindo!
Reforçando: Se algo acontece na sua vida e você vê como algo bom e saudável, seu cérebro reagirá a essa interpretação, assim como se você entender como algo ameaçador e ruim.
Algo muito importante agora, anote isso:
Essa interpretação é mutável! Depende de experiências prévias. O que é visto como saudável ou não é diretamente voltado a como você compreende a situação.
Por exemplo: Você tem um namorado agressivo (em palavras e, às vezes, até fisicamente), ele te chama e diz que quer terminar. Isso é bom ou ruim?
Muitas pessoas podem dizer: É excelente!
Outro exemplo: Você é chamado na sala do seu chefe e ele te dá a notícia de que será promovido e seu salário agora será 3x maior do que era antes. Isso é bom ou ruim?
E novamente muitas pessoas podem dizer: É excelente!
Eu digo: Nos dois casos, depende do que possuem dentro deles.
No primeiro caso, se a mulher se sentir incapaz, dependente do namorado e não merecedora de amor e cuidado (ou qualquer outra razão subjetiva), ela pode se desesperar pela possibilidade de término. Para ela pode parecer o fim do mundo, se sentir abandonada, deixada, excluída, e essa forma de reagir ao fato terá um impacto direto em seu cérebro. Ele reagirá como se houvesse um risco real muito grande ao seu bem-estar (porque lá dentro existe mesmo, já que essa mulher entende assim), e seu cérebro irá produzir ações para protege-la desse mal.
No segundo exemplo, se essa pessoa não confia em si mesma, não acredita que consegue dar conta do serviço, não se sente merecedora de sucesso, de abundância, se acredita que quem ganha muito dinheiro é porque está passando a perna nos outros (ou qualquer outra razão interna dela), ela pode se sentir totalmente despreparada, ameaçada por não achar que vai conseguir executar a função e que vai ser mandada embora, desmascarada. Essa percepção de pressão, medo, aflição, será vista como verdade por seu cérebro, que reagirá a isso, preparando o corpo para lutar ou fugir o tempo todo.
Sendo assim, atenção para seus pensamentos, crenças e sentimentos em relação a si mesmo!
Você é aquilo que imagina ser!
Se você sente aí dentro coisas diferentes daquilo que gostaria de sentir, vá atrás para mudar e melhorar o quanto antes. Pois tudo isso para seu cérebro é a realidade.
Mas fique tranquila, é possível mudar a realidade, pois realidade é percepção. Esse é o aprendizado que tiramos dessa descoberta: não é o que acontece com você, mas como você apreende, registra, lida com o que acontece. Isso é a realidade.
Mude dentro, e todo seu exterior mudará contigo.
Outras pesquisas que você pode achar interessante (Obs.: são em inglês, pois o materila nacional sobre o tema ainda é muito escasso):
– Attenuating Neural Threat Expression with Imagination (2018). Link: https://www.cell.com/neuron/fulltext/S0896-6273(18)30955-3?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS0896627318309553%3Fshowall%3Dtrue
– Thought for Food: Imagined Consumption Reduces Actual Consumption (2010). Link: https://science.sciencemag.org/content/330/6010/1530.abstract